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“Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec)

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Pedagogia


Significado do Símbolo da Pedagogia
As corujas são os símbolos da filosofia e da pedagogia devido à inteligência, argúcia, astúcia, sensibilidade, visão e audição super potente das corujas. A coruja tem visão 180% superior ao do homem. Ela enxerga tudo ao seu redor apesar de ser daltônica, não identificando a cor vermelha, e poder mexer completamente a cabeça (gira-a para todos os lados, pois tem os olhos completamente separados).
É muito difícil enganá-la, ela percebe "segundas intenções".É muito difícil criá-la em cativeiro, sendo uma ave muito ligada a sua família, não abandona os filhos em hipótese alguma, sendo o macho quem cuida dos filhotes e a fêmea é quem sai par caçar.Existem diversas representações para este símbolo, a Coruja, no que se refere as representações para a Filosofia e Pedagogia; no entanto, podemos observar na figura símbolo:
1º) A cabeça da coruja possui um formato ovalado, quase arredondado, que faz imaginar a figura do globo terrestre. Isso permite considerar que a formação do pedagogo é para todos os cantos do mundo. É universalista, pluralista;
2º) Acima dos olhos e abaixo da cabeça a penugem do pássaro forma uma semelhança de letra “V”, que pode ser interpretada como a primeira letra da palavra “Vida”; afinal, o Pedagogo será o profissional apto a preparar o ser humano para a vida toda, não apenas para o saber;
3º) O olho direito está bem aberto e é formado de uma espécie de circunferência com escamas que fazem lembrar a representação de ondas concêntricas. E o olho esquerdo apresenta-se fechado Essa representação parece permitir a interpretação de que o pedagogo é aquele que precisa concentrar-se no conhecimento, na construção da própria personalidade, na reflexão, na formação de princípios (olho fechado). Um olhar para dentro (introspecção) e um olhar para fora (extrospecção), para o mundo (o olho direito) que se projeta para o futuro e irradia suas ondas de conhecimento para um além bem distante;
4º) O pássaro dá a impressão de mostrar-se com o peito aberto, estufado para frente. Isso pode representar a coragem, a ousadia que o pedagogo precisa assumir para levar em frente sua missão, suas metas, seus objetivos, frente às dificuldades profissionais suas e as dificuldades culturais, sociais e psíquicas dos seus educandos;
5º) Uma das asas do pássaro empunha um lápis que escreve sobre um livro que, por sua vez, está sobre outro livro. Hoje já existem símbolos da pedagogia que apresentam três livros. Isso pode significar que o ler e o escrever são as ferramentas que darão asas para o ser humano voar em busca de sua autorrealização e libertação. O Pedagogo é o iniciante deste processo porque ele começa a sua atuação nas primeiras séries da educação básica, mas continua por toda a educação fundamental e média até a superior. Um livro, pois, representa as séries iniciais, todas as séries da fundamental e média e o outro livro pode representar o nível superior que é onde o pedagogo vai buscar e construir sua ciência, as bases para sua prática e os fundamentos éticos para a construção de sua personalidade que será também espelho para os seus educandos;
6º) As garras do pássaro se afirmam com vigor na base que apóia seus pés. Isso permite significar a profundidade, a firmeza intelectual, cultural, pedagógica e moral que devem ser qualidades essenciais do pedagogo;
7º) Por fim, a cauda do pássaro apresenta uma clara conotação de elemento de equilíbrio para o pássaro. Assim também a pessoa do pedagogo deve primar-se pelo equilíbrio, pela personalidade segura pela capacidade de mediar as suas exigências pessoais e profissionais com dificuldades sociais que ele vai encontrar nas salas de aulas, escolas, familiares e colegas de profissão. O equilíbrio que, em ética se chama virtude da prudência, é justamente a balança que pesa nas proporções necessárias tanto o ardor do pedagogo na exigência de condições razoáveis para o exercício de sua profissão quanto no seu posicionamento ético de não trabalhar só pelo salário mensal e para a satisfação de suas necessidades puramente materiais. 
Torres, M. do Sul / RS, 04 de maio de 2012

Profº. Esp. Juarez Souza Magnus
Licenciatura Plena em Ciências –Habilitação: Biologia
Biólogo / CRBio-03 Reg. Nº 69.544/03-D
Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional

As Tendências Pedagógicas
Tendência Liberal
A construção da práxis educativa, ou seja, as diversas tendências pedagógicas pretnedem dar conta da compreensão e da orientação da prática educacional em diversos momentos e circunstâncias da história do sistema didático-pedagógico.
Este tema é relevante, pois permite a cada educador reconhecer, desenvolver e situar-se teoricamente sobre suas opções pedagógicas, articulando e redefinindo novas perspectivas educacionais, através da análise e avaliação de sua prática pedagógica em sala de aula.

No Brasil vivemos em um contexto educacional alicerçado por duas tendências pedagógicas distintas: a conservadora e a progressista, que classificados humildemente como liberais e progressistas através dos critérios referentes às funções sociais e políticas do sistema educacional brasileiro, fato que reflete constantemente a prática docente do educador brasileiro.
Quando o assunto é prática, as variáveis dessas duas tendências unificam-se constantemente em busca de uma utopia educativa, fato que concretiza essa união. Mas, faço minhas as palavras de Foerste (1996, p.16), quando afirma que: “uma tendência não elimina a outra, o surgimento de uma nova corrente teórica não significa o desaparecimento de outra, a definição de um perfil predominante em uma concepção não descarta a possibilidade de outras formas de manifestação consideradas próximas entre si”.
Pedagogia Liberal
Na pedagogia liberal a escola é idealizada como a preparadora constante do indivíduo visando o desenvolvimento social, trabalhando as aptidões e adaptando-se as normas e situações vigentes no sistema educacional através da valorização do desenvolvimento da cultura individual. Trabalhando a igualdade de oportunidades, mas ainda não leva em conta a desigualdade de condições, pois historicamente o sistema de educação liberal iniciou-se através dos princípios da pedagogia tradicional e, visando recomposição social do sistema burguês, fato que a evoluiu para o sistema de pedagogia renovada, o que não descartou a substituição de uma teoria pela outra, pois ambas convivem ainda no sistema educacional contemporâneo e na prática escolar.
Tradicional
A tendência tradicional predomina há vários séculos entre a nação brasileira que sempre se caracterizou através da existência do intelectualismo. Essa tendência marcou através de ações dominantes o Brasil aproximadamente até a década de 1930. Fato que marca a concepção do ser humano em sua essência e natureza, através da realização como pessoa social digna de seu espaço através de seu próprio esforço.
O sistema pedagógico tradicional preocupa-se com processo de universalização do conhecimento. Existe um treino desgastante, ofegante e intensivo, uma repetição seguida de memorização das formas, onde o educador demonstra ser o detentor do saber, transmitindo os conteúdos a seus alunos, que são agentes passivos desse processo. Os conteúdos são trabalhados como verdades absolutas, dissociadas do cotidiano do aluno e de sua própria realidade social.
Os métodos pedagógicos baseiam-se na exposição verbal através da demonstração dos conteúdos, que são apresentados linearmente, não fazendo uso das experiências vivenciadas pelos alunos, desenvolvendo assim uma prática pedagógica estática, sem questionamentos da realidade e das relações existentes, sem qualquer pretensão de transformar o contexto social, fato que auxiliou o aparecimento da característica abstrata do saber.
O processo avaliativo do aluno se dá através da verificação dos conhecimentos por meio de provas escritas, orais, exercícios e trabalhos cercados por muitas cobranças e punições, valorizando de uma maneira simplória os aspectos cognitivos individuais e superestima a capacidade de memorização e o retorno do conteúdo assimilado pelo estudante.
O processo de aprendizagem, nessa tendência pedagógica, se manifesta artificialmente. O educando deve memorizar para “ganhar nota” e não estudar para abstrair o conhecimento, estimulando a competição entre os alunos que são submetidos a um sistema classificatório e cruel.
A instituição de ensino e direcionada pelo conservadorismo cultural e social, inspirando-se nos antepassados pedagógicos para esclarecer as dificuldades apresentadas no presente, busca como ponto inicial à experiência profissional no meio social e cultural, onde é transmitido sem considerar as capacidades e habilidades individuais.
Quando paramos e buscamos uma reflexão sobre o processo pedagógico tradicional, percebemos que continua forte e extremamente persistente na grande maioria das escolas e universidades, onde os educandos acabam percebendo que o tão sonhado curso que freqüenta com vigor não possui um direcional definido e coerente, provocando, na grande maioria, um frustração incompreensível. 
Tendência Progressista
Foi no final do século XIX que surgiu um movimento educacional conhecido como a escola nova, propondo expor novos caminhos à educação como, o aspecto filosófico e social. Em nosso país, o Brasil, o grande movimento da escola nova só alcançou o ápice no inicio do século XX, com diversas reformas no ensino público do Brasil, mas essas idéias se consolidam no ano de 1932, onde todos tomam conhecimento do manifesto dos pioneiros de todo esse processo de educação nova, Anísio Teixeira e Lourenço Filho.
O manifesto foi um marco na história da pedagogia brasileira por representar a tomada de consciência do processo de discrepância entre o sistema educacional e as exigências do desenvolvimento social, pois os manifestantes tinham plena convicção de que a educação é fundamental para a evolução econômica e acréscimo de riqueza de uma sociedade. Este manifesto surgiu através dos conflitos entre os adeptos da escola renovada e os católicos conservadores. Para os olhos da “Igreja Católica” o manifesto representava uma heresia ao dizer que “é dever do Estado e somente do Estado tornar a educação obrigatória, pública, gratuita e leiga.”
Diferentemente do sistema de ensino imposto pela escola tradicional, era uma nova proposta de educação direcionada para a pedagogia da existência, ou seja, o indivíduo é considerado neste momento um ser único, diferenciado, que vive e interage em um mundo dinâmico.
O processo de educação aplicado pela tendência liberal renovada manifestou-se através de duas versões distintas, mas não particionadas: Renovada progressivista ou programática, que tem em Anísio Teixeira o principal expoente e desenvolvedor teórico; o processo da renovada não-diretiva, através dos pensamentos centrais de Carl Roger como um elemento íntegro de destaque, que enfatizou constantemente a igualdade e o sentimento de cultura como o desenvolvimento das aptidões individuais de cada ser.
Na teoria da concepção renovada progressivista, à instituição de ensino deve se adequar as necessidades do indivíduo e do meio social em que está inserido, tornando-se mais próximo da vida. O processo de aprendizado é baseado na construção e reconstrução do objeto, através de uma interação entre estruturas cognitiva do indivíduo e estruturas do ambiente social. Trata-se de “aprender a aprender”, onde a aquisição do saber assume a maior importância do que o próprio saber.
Assim, o processo de aprender torna-se uma atividade de constante descoberta, uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio estimulador inicial do processo. A socialização assume também algumas características marcantes. A primeira é a dinâmica, ou seja, o indivíduo socializado não é um ser passivo, mas reage de alguma forma às informações que lhe são transmitidas; não existe um domínio absoluto do processo por parte da sociedade.
O processo de aquisição do conhecimento é deveras importante cujo método é o aprender fazendo , através de experimentos, pesquisas, descobertas, adequando-as às próprias experiências e do aluno e às etapas do seu desenvolvimento. O conteúdo precisa ser compreendido e não decorado promovendo desafios cognitivos e situações problemas, estimulando a reflexão.
O educador, aqui, se tornou o facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento livre e espontâneo do indivíduo promovendo uma relação positiva e instalando uma “vivência democrática” preparando-o para a vida em sociedade.
O processo de avaliação representa apenas uma das etapas do aprendizado do indivíduo. Aprender é uma atividade de descoberta e auto-aprendizagem. A avaliação flui e se torna eficaz na medida em que o professor valoriza os esforços empreendidos e participação no processo de sala de aula. Esta tendência teve grande aceitação no Brasil na década de trinta para o ensino de Educação Infantil e ainda influencia, na atualidade, muitas práticas pedagógicas. 
Renovada não-diretiva
Esta concepção renovada não-diretiva relega à escola o papel de formar atitudes. Para isso, esta deve estar mais preocupada com os aspectos psicológicos do que com os aspectos pedagógicos ou sociais. A idéia de uma boa educação passa pelo propósito de favorecer a pessoa um clima de auto desenvolvimento e realização pessoal no sentido de bem estar próprio e do seu semelhante, onde o centro das atividades escolares não é unicamente o educador nem os conteúdos disciplinadores propostos, mas sim o educando ativo, criativo e curioso, visando formar a personalidade através da vivência de experiências significativas de ambas as partes.
Dentro da concepção renovada não-diretiva os conteúdos são dispensáveis, pois, priorizamos o desenvolvimento das relações e da comunicação, visando facilitar meios para que os alunos construam seu próprio conhecimento. Não trabalhamos com uma metodologia definida, e sim com o empenho do professor em desenvolver meios próprios que facilitem a aprendizagem do educando, utilizando técnicas de sensibilização que favoreçam o diálogo.
O educador neste momento assume o papel de facilitador e especialista em relações humana. O processo de ensino-aprendizagem baseia-se na busca da auto-realização e capacidade de transformar suas próprias percepções. Desta forma, a avaliação escolar torna-se desnecessária. Essa pedagogia apresenta-se mais democrática que a tradicional, baseada na crença de que a relação entre as pessoas pode ser mais justa e sem partições de classes sociais. Assim como o processo pedagógico tradicional, esta teoria também se encontra presente em nossos dias atuais. 
Tecnicista
Este processo pedagógico surgiu nos Estados Unidos na segunda metade do século XX e foi introduzida no Brasil entre 1960 e 1970, proliferando o que se chamou de “tecnicismo educacional”, inspirado nas teorias behavioristas do processo de ensino-aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, buscando adequar a educação às exigências da sociedade industrial e tecnológica.”
Este processo educacional atua no aperfeiçoamento do sistema capitalista que se tornou a ordem social vigente no mundo, articulando-se diretamente com o sistema produtivo cujo interesse é produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, onde é valorizado, nesta perspectiva, não o educador, mas sim o processo tecnológico. O educador passa a ser um mero especialista, sendo, apenas, um elo de ligação entre a verdade científica e o educando.
A prática escolar nessa tendência tem como função primordial o processo de adequação ao sistema educacional com a proposta econômica e política do regime militar; preparando, dessa forma, mão-de-obra para ser aproveitada pelo mercado de trabalho. É nesse período que o espírito crítico e reflexivo é banido das escolas. Para esta tendência, o ensino é um processo de condicionamento através do uso de reforçamento das respostas que se quer obter, sendo os conteúdos desenvolvidos as informações objetivas que possam proporcionar, ao fim do processo de ensino-aprendizagem, a adequada adaptação do indivíduo ao trabalho.
Os conteúdos de ensino desta tendência pedagógica são baseados em informações e princípios científicos de leis, estabelecidos e ordenados numa sequência lógico-psicológica, ou seja, eles devem ser mensuráveis eliminando qualquer sinal de subjetividade. Sendo assim, os conteúdos devem estar embasados na objetividade do conhecimento científico. Os métodos são programados por passos seqüenciados, empregada na instrução programada, nas técnicas de micro ensino, multimeios, módulos inclusive a programação de livros didáticos.
Evidencia-se na relação professor-aluno que o educador administra as condições de transmitância da matéria. O aluno recebe, aprende e fixa não participando do programa educacional e a comunicação entre ambos é puramente técnica, tendo objetivo de garantir a eficácia da transmissão do conhecimento.
A avaliação se baseia na verificação do cumprimento dos objetivos propostos. No que diz respeito ao ensino-aprendizagem na tendência tecnicista podemos mencionar a ausência de fundamentos teóricos em detrimento do “saber construir” e saber “exprimir-se.’
Ou seja, se tornou um processo de sujeição através do uso de reforçamento das respostas que se pretende obter visando o controle da conduta individual diante de objetivos preestabelecidos. Essa orientação sobre esta tendência pedagógica foi dada para as escolas pelos organismos oficiais durante os anos 60 e perduram até os tempos atuais, em muitos cursos, com a presença de manuais didáticos e livros com caráter estritamente técnico e instrumental.
Segundo José Carlos Libâneo, deduz-se que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a educação tradicional, a renovada e a tecnicista, por se declararem processos distintos e neutros, nunca assumiram compromisso com as transformações da sociedade antiga e contemporânea, embora, na prática pedagógica, procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema capitalista mundial.
As tendências da Pedagogia Progressista
Como essa tendência surgiu? Qual ideologia ela dissemina na sociedade?
A tendência progressista é o resultado da inquietação de muitos educadores que, a partir da década de 60, suscitam uma discussão e questionamentos em relação ao rumo que vem tomando a educação, principalmente à escola pública, no que diz respeito à real contribuição desta para a sociedade.
Essas discussões têm contribuído para mobilizar novas propostas pedagógicas que apontam para uma educação conscientizadora do povo e para um redimensionamento histórico do trabalho escolar público, democrático e de toda a população (FUSARI e FERRAZ, 1992, p. 40).
Segundo Libãneo, o termo progressista é tomado emprestado de Snyders e utilizado nesses estudos para: Designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentaram implicitamente às finalidades sociopolíticos do processo educacional. Evidente que a pedagogia não tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista; daí ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais (1989, p. 32).
Nesta proposta a atividade escolar pauta-se em discussões de temas sociais e políticos e em ações sobre a realidade social imediata; analisam-se os problemas, os fatores determinantes e estrutura-se uma forma de atuação para que se possa transformar a realidade social e política. Apresenta-se, pois, como um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais.
É oportuno mencionar que existia, no Brasil dos anos 60 a 64, uma grande movimentação em torno da promoção da cultura popular, que procurava resgatar a verdadeira cultura não-dominante, a cultura do povo. É em meio a esta efervescência nacionalista e ideológica que surge a pedagogia libertadora. Entre outras, surge também a libertária e o crítico-social dos conteúdos.
Libertadora
Essa tendência pedagógica tem sua origem ligada diretamente com o método de alfabetização de Paulo Freire. Nessa concepção, o homem é considerado um ser situado num mundo material, concreto, econômico, social e ideologicamente determinado. Sendo assim, resta-lhe transformar essa situação. A busca do conhecimento é imprescindível, é uma atividade inseparável da prática social, e não deve se basear no acúmulo de informações, mas, sim, numa reelaboração mental que deve surgir em forma de ação, sobre o mundo social.
Assim, a escola deve ser valorizada como instrumento de luta das camadas populares, propiciando o acesso ao saber historicamente acumulado pela humanidade, porém reavaliando a realidade social na qual o aluno está inserido. A educação se relaciona dialeticamente com a sociedade, podendo constituir-se em um importante instrumento no processo de transformação da mesma. Sua principal função é elevar o nível de consciência do educando a respeito da realidade que o cerca, a fim de torná-lo capaz para atuar no sentido de buscar sua emancipação econômica, política, social e cultural.
Os conteúdos de ensino são tirados da complexa problematização da experiência de vida dos educandos, os conteúdos trazidos de fora dessas experiências são considerados como invasão cultural, se for preciso trabalhar com textos de leitura serão redigidos pelos educandos com auxílio do educador.
A metodologia aplicada ocorre através de diálogos engajando os sujeitos do ato de conhecer: educador-educando-educador, ambos mediatizados pelo objeto a ser conhecido. Desta forma, preferência neste método o trabalho de grupo de discussão definindo conteúdo e a dinâmica das atividades.
O professor nesta tendência mantém uma relação de igualdade com os alunos adaptando-se às suas características e ao desenvolvimento próprio de cada grupo, permanecendo vigilante para assegurar ao grupo um espaço humano que possibilite sua expressão evitando a neutralidade.
Contudo, a aprendizagem é motivada a um senso crítico de conhecimento pelo processo de compreensão e reflexão por meio de representações da realidade concreta, ou seja, a motivação se dá a partir da codificação de uma situação problema.
Libertária
Vamos agora ver como essa tendência atua no meio social?
A pedagogia libertária procura a independência teórico-metodológica. Dá maior ênfase às experiências de autogestão (sem qualquer forma de poder), à prática da nãodiretividade, (o professor não dirige, mas cria as condições de atuação do aluno) e à autonomia (excluída qualquer direção de fora do grupo). Espera-se, assim, que a escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos num sentido libertário e gestão educacional. Constitui-se em mais um instrumento de luta, ao lado de outras práticas sociais, pois não tem como institucionalizar-se na sociedade capitalista.
Nessa concepção, a idéia de conhecimento não é a investigação cognitiva do real, mas, sim, a descoberta de respostas relacionadas às exigências da vida social. Essa tendência acredita na liberdade total; por isso dá mais importância ao processo de aprendizagem grupal do que aos conteúdos de ensino. O conteúdo e o método têm objetivos pedagógicos e também político. As matérias não são exigidas, são um instrumento a mais dentro do processo de vivências, de atividades e a organização do trabalho no interior da escola, ressaltando que os alunos têm liberdade de trabalhar ou não.
A ênfase na aprendizagem informal vivenciada em grupos de discussão, cooperativas, assembléias, e a negação de toda forma de repressão, visam favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres e motivadas na satisfação de suas aspirações e necessidades.
Na relação professor aluno, embora diferentes, o professor se coloca à disposição, sem impor suas idéias e concepções. Seu papel é de orientar, se misturando ao grupo para refletirem coletivamente.
Entre os estudiosos e divulgadores da tendência libertária está Maurício Tragtenberg, que evidencia que o homem cria a cultura na medida em que, integrando-se nas condições de seu contexto de vida, reflete sobre ela e dá respostas aos desafios que encontra.
Crítico social dos conteúdos
A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos surge no final dos anos 70 e início dos 80. Difere das duas progressistas anteriores pela ênfase que dá aos conteúdos, confrontando os com a realidade social, bem como a ênfase às relações interpessoais e ao crescimento que delas resulta, centrado no desenvolvimento da personalidade do indivíduo, em seus processos de construção e organização pessoal da realidade.
Compreende que não basta ter como conteúdo escolar às questões sociais atuais, mas é necessário que o aluno possa se reconhecer nos conteúdos e modelos sociais apresentados para desenvolver a capacidade de processar informações e lidar com os estímulos do ambiente buscando ampliar as experiências e adquirir o aprendizado.
Sendo a escola parte integrante do todo social deve servir aos interesses populares garantindo um bom ensino, preparando o aluno para o mundo, proporcionando-lhe a aquisição dos conteúdos concretos e significativos, fornecendo-lhe instrumental para a sua inserção no contexto social de forma organizada e ativa.
Neste contexto o professor é o mediador, cuja função é orientar, abrir perspectivas numa relação de troca entre o meio e o aluno, a partir dos conteúdos.
Os métodos desta tendência buscam favorecer a coerência entre a teoria e a prática, ou seja, a correspondência dos conteúdos com os interesses dos alunos. A princípio o professor busca verificar o que o aluno já sabe, pois o conhecimento novo se apóia numa estrutura cognitiva já existente, ou verificar a estrutura que o aluno ainda não dispõe para que haja uma compreensão tanto do aluno como do professor e, através da disposição de ambos, possa se fazer aprendizagens significativas. A aprendizagem se dá quando o aluno ultrapassa sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora.
Sócio-Interacionista
Para Vygotsky, as funções psicológicas superiores, que são características do ser humano, por um lado, estão ancoradas nas características biológicas da espécie humana e, por outro, são desenvolvidas ao longo de sua história social. É o grupo social que fornece o material (signos e instrumentos) que possibilita o desenvolvimento das atividades psicológicas. Isso significa que se deve analisar o reflexo do mundo exterior no mundo interior dos indivíduos a partir da interação destes com a realidade.
Ainda, segundo Vygotsky, para que o indivíduo se constitua como pessoa, é fundamental que ele se insira num determinado ambiente cultural. As mudanças que ocorrem nele, ao longo de seu desenvolvimento, estão ligadas à interação dele com a cultura e a história da sociedade da qual faz parte. Por isso, e de acordo com os conceitos desenvolvidos por Vygotsky, o aprendizado envolve sempre a interação com outros indivíduos e a interferência direta ou indireta deles.
Esse enfoque é completamente diferente do enfoque de Piaget. Formado em Letras e em Psicologia, Vygotsky elegeu a linguagem como objeto de estudo. Para ele, a linguagem tinha papel fundamental na mediação entre as relações sociais e a aprendizagem. O objeto de estudo de Vygotsky era o desenvolvimento humano, a partir do processo histórico que o indivíduo estava vivendo.
Torres, M. do Sul / RS, 26 de maio de 2012.
Profº. Esp. Juarez Souza Magnus
Licenciatura Plena em Ciências –Habilitação: Biologia
Biólogo / CRBio-03 Reg. Nº 69.544/03-D
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