Fritjof
Capra nos traz uma obra de sensibilidade e reflexão sobre as bases da
existência e da integração do pensamento e das ações humanas no contexto do
desenvolvimento, na busca da equação da vida e do progresso equilibrado e
sustentado.
Partindo
da paradisíaca ilha de Saint Mitchel, onde existe uma fortaleza medieval que
com seu isolamento temporário, pelas marés, nos traz do subconsciente a imagem
do isolamento do pensamento, com suas ruelas e salas, com seus cheiros e
sabores, com suas masmorras e aposentos.
O
político e o poeta se vem em um dilema, cada qual preso em seu mundo,
procurando nele o sucesso sua direção, tal qual uma solitária ilha. O terceiro
personagem busca o caminho, se transformar no isolamento, na fuga o perdão
pelos resultados de suas ações e criações.
Ao
se prenderem ao seu mundo próximo e com limites claros e estruturados, dentro
das muralhas do conhecido, eles tendem a aplicar de certa maneira o cinismo que
apregoam como básico: a convivência com pessoas menos inteligentes ou que podem
ser conduzidas, seja na política, na ciência ou na vida, como turistas sem
conhecimento ao encontrarem o novo.
Na
discussão sobre o papel dos mecanismos que regem o mundo, abordam a evolução do
pensamento humano, passando por Descartes e chegando aos nossos dias, onde
vemos os líderes, as pessoas socialmente aceitas como condutores, pensando
unicamente de forma mecanicista, aplicando a forma mais simples de conduzir: o
modelo cartesiano, onde dividimos o todo em partes, para estudando e entendendo
cada uma, procurar entender o todo. Este entender para os políticos seria
controlar, induzir, prever.
Nesta
ânsia, não poupam o custo do sacrifício da vida, da existência, aplicada a uma
parcela da humanidade presa pelas quatro paredes dos modelos econômicos
mecanicistas, que independente do custo social, só pensa na validação econômica
de suas teorias e negociações. Os sistemas existentes não encorajam a
prevenção, só a intervenção, que não consideram que só se constrói um modelo de
sucesso no presente, se estimular o futuro. Chega-se a dedução de que
precisamos adotar o modelo de intervenção colocado como feminino, nutriente,
construtor, ao contraposto do modelo masculino basicamente dominador.
Para
o desenvolvimento de uma condição de perpetuidade e oportunidades para o
futuro, dentro deste conceito de nutriente, devemos aplicar um raciocínio
ecológico, em contraponto ao pensamento cartesiano clássico, pensando em um
mundo de recursos exauríveis, orgânicos e espirituais, sejam da natureza ou da
capacidade de absorver as injustiças sociais.
Para poder entender e aplicar este pensamento, se faz crucial ativar a percepção, sendo que se somente as bordas da percepção aparecessem, tudo se desvendaria como realmente é.
Para poder entender e aplicar este pensamento, se faz crucial ativar a percepção, sendo que se somente as bordas da percepção aparecessem, tudo se desvendaria como realmente é.
Nesta
forma sistêmica de pensar, identificamos os pilares como sendo as conexões,
tudo se interconecta, formando mesmo com seus vazios e sem condições de
definições exatas, a solidez da matéria, do pensamento e da estrutura do
universo tangível. O que não vemos, o que não entendemos, necessariamente não
pode ser abominado, relegado, sob pena de nossa cegueira estar baseada somente
na miopia da falta de abertura para o novo.
Somos
todos parte da teia imensurável e inseparável das relações, é nossa
responsabilidade perceber as possibilidades do amanhã, pois antes de tudo somos
os únicos responsáveis por nossas descobertas, nossas palavras, nossas ações, e
os reflexos das mesmas no universo em que estamos inseridos.
Devemos
entender e abrir nosso horizonte, para modelos sistêmicos, escapando do
conforto dos processos, onde temos o controle, mas muitas vezes não a
compreensão. Cabe dentro de este preceito teorizar sobre os sistemas vivos,
onde temos o exemplo do homem que mirava uma árvore, mais do que caule, raízes,
galhos e folhas, descobria vida, insetos, oxigênio, nutrientes, alimento,
sombra, proteção, energia, uma síntese de integração.
O
princípio para esta abertura é ver o todo, e antes de fracioná-lo entender sua
conexão, interatividade, integração. Devemos ver o impacto global de nossa
existência individual, nunca esquecendo que vivemos ciclos contínuos,
renovação.
Um
obstáculo para a expansão este pensamento é a clara e objetiva descoberta da
interdependência, do fato de que mesmo sem o controle por parte de nossas ações,
que nosso planeta flui em um processo vivo, se adaptando, transcendendo,
progredindo, transgredindo padrões, evoluindo.
O
pensamento voltado aos processos e não as estruturas, nos dá a ferramenta
essencial para poder entender o princípio, os porquês e o caminho possível para
esta evolução, conseguindo assim delinear a tênue e entrelaçada margem entre o
pensamento clássico cartesiano e o sistêmico totalmente integrativo, plotando o
objetivo mestre das sociedades modernas, das mentes que buscam a perpetuidade
no futuro: o desenvolvimento sustentável, a busca do equilíbrio.
Assim,
é a obra de Fritjof Capra.
Profº. Esp. Juarez Souza Magnus
Licenciatura Plena em Ciências –Habilitação:
Biologia
Biólogo / CRBio-03 Reg. Nº 69.544/03-D
Especialista em Psicopedagogia Clínica e
Institucional
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